“Moeda no semáforo pode virar lucro para o tráfico”, diz delegado de SJP

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Foto: PCPR

Uma operação da Polícia Civil de São José dos Pinhais, realizada nesta sexta-feira (30), trouxe à tona uma conexão preocupante entre a prática comum de doações a pedintes em vias públicas e o fortalecimento do tráfico de drogas na região. A investigação, conduzida pela delegacia local, resultou na apreensão de cerca de R$ 20 mil em cédulas de pequeno valor e aproximadamente 70 quilos em moedas. O montante, segundo a polícia, teria sido arrecadado por meio da atuação de pedintes nos semáforos e ruas da cidade, com posterior repasse a grupos criminosos.

O delegado Fábio Machado, responsável pelo caso, afirma que muitas das contribuições feitas por motoristas e pedestres são, na verdade, desviadas para o tráfico de entorpecentes. Ele ressalta que, embora a intenção dos doadores seja ajudar, a ação pode acabar mantendo redes criminosas ativas e ampliando a dependência química de usuários envolvidos nessas práticas.

“Grande parte desse dinheiro não permanece com quem pede. Ele rapidamente vai parar nas mãos de traficantes, alimentando um sistema que se retroalimenta. Quanto mais dinheiro circula, mais difícil se torna desmontar essas redes”, afirmou o delegado. Ainda de acordo com ele, os grupos se aproveitam da sensibilidade das pessoas para angariar recursos, utilizando usuários de drogas como intermediários.

A operação reforça um alerta que as autoridades têm tentado intensificar: a solidariedade deve ser direcionada de maneira consciente. A Polícia Civil orienta que a população evite doar dinheiro diretamente nas ruas e, em vez disso, apoie instituições sérias e fiscalizadas que atuam no acolhimento e recuperação de dependentes químicos e pessoas em situação de vulnerabilidade.

A recomendação é que, ao invés de entregar moedas ou cédulas nas esquinas e semáforos, os cidadãos colaborem com organizações que tenham estrutura para oferecer ajuda efetiva, contribuindo para romper ciclos de criminalidade e exclusão social.

O caso evidencia a complexidade dos desafios sociais enfrentados por municípios da Região Metropolitana de Curitiba e reforça a necessidade de ações integradas entre poder público, sociedade civil e instituições de apoio para lidar com questões como a dependência química, o tráfico de drogas e a situação de rua.

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