De acordo com a Polícia Civil, a adolescente morava com os avós, no bairro Maria Luiza. O avô, Divino Negretti, contou à polícia que, no sábado, ela saiu com um rapaz e pretendia namorá-lo. O tio, que mora próximo, ficou sabendo e foi à casa, alegando que o rapaz era um traficante, além de ser "muito velho" para ela. Houve discussão e ele passou a agredi-la violentamente.
O avô contou que saiu para tirar o carro da garagem e, quando voltou, a adolescente estava caída, desmaiada. Ele levou a neta a uma unidade de pronto atendimento, de onde ela foi transferida para a emergência da Santa Casa.
Conforme o hospital, Hemilly apresentava traumatismo craniano e passou por cirurgia, mas não conseguiu se recuperar. A menina morreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. O corpo passou por perícia no Instituto Médico Legal (IML) e era velado na manhã desta segunda-feira, 12, no Velório Municipal. Amigos, colegas de escola, professores e outros parentes estavam inconformados com o assassinato da garota pelo tio.
No dia das agressões, policiais militares foram à procura do acusado e o encontraram escondido numa área de mata. O homem tentou resistir, mas foi preso. Ele alegou à polícia que, ao saber que a sobrinha estava namorando uma pessoa de má índole, ele tentou alertá-la, mas houve discussão. Ele disse que apenas a empurrou e a garota, que era franzina, bateu com a cabeça ao cair.
A avó da menina, Cleusa de Jesus Oliveira, de 56 anos, que tinha a guarda de Hemilly desde que ela nasceu, contesta essa versão. Ela disse que estava em sua casa com a neta, quando o filho chegou e começou a brigar, alegando que a garota estava namorando um moço mais velho, que seria traficante. "Eu não sei se isso é verdade, ela não tinha me contado, mas o tio sempre teve muito ciúmes dela e foi batendo e jogando ela contra a parede."
Sem conseguir impedir o filho de continuar agredindo Hemilly, ela gritou por socorro e o marido, que estava do lado de fora da casa, acudiu, mas a jovem já estava desmaiada. Cleusa disse que o filho é muito violento. "Quando bebe, ele fica fora de si. Já tinha me batido e agrediu também a esposa dele. Eu consegui colocar ele na cadeia duas vezes, mas ele fica algumas semanas e sai", disse.
O acusado foi autuado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, qualificado pelo grau de parentesco, motivo fútil e por não dar chance de defesa à vítima. Ele teve a prisão preventiva decretada e foi levado para o anexo de detenção provisória da Penitenciária de Araraquara. Até a tarde desta segunda-feira, ele não tinha constituído advogado.
A Secretaria de Educação de Araraquara divulgou nota de pesar e de repúdio pela violência de que a estudante, aluna da Escola Municipal Ruth Cardoso, foi vítima. "Quando ainda reverberam as celebrações do Dia Internacional da Mulher, Araraquara registra o falecimento de Hemilly, vítima da violência que assola milhares de mulheres no nosso país."
No comunicado, divulgado na página oficial da prefeitura em rede social, a Secretaria afirma "repudiar toda e qualquer forma de violência, especialmente contra a mulher, assim como, reafirmar seu compromisso com a urgência de combater e superar esse quadro de violência, através da promoção de ações que consolidem relações mais humanas, de respeito e de paz".