Depois de lançar uma série de marcas próprias entre 2011 e 2013 – entre elas Quem Disse, Berenice?, Eudora e The Beauty Box – e de firmar sua marca principal nas vendas diretas, um território que tradicionalmente era ocupado por Avon e Natura, o Boticário agora dá passos para atuar no varejo multimarcas.
Embora a Vult tenha alguns pontos de venda próprios, em especial quiosques, fontes do setor de cosméticos dizem que o forte da empresa são as vendas em distribuidores, farmácias e supermercados.
Tendo como carro-chefe uma linha de maquiagem voltada às classes C e D, a Vult tem produtos vendidos a menos de R$ 10 – valor mais baixo do que o praticado pela Quem Disse, Berenice?, cadeia do Grupo Boticário voltada principalmente à maquiagem.
Crescimento. Nos anos de crise, entre 2015 e 2017, disse uma fonte do setor de cosméticos, a proposta de valor da companhia agradou às consumidoras e garantiu um forte crescimento à empresa. Hoje a empresa teria uma fatia de 30% no mercado multimarcas.
De acordo com dados da consultoria Euromonitor, a aquisição vai adicionar 4 pontos porcentuais à participação do Grupo Boticário no mercado nacional de maquiagem, do qual passará a deter mais de 15%. Será o suficiente para a empresa ultrapassar a Natura e conquistar a segunda posição no segmento, que continuará a ser liderado pela Avon, que detém 24% das vendas de maquiagem no País.
O negócio marca um raro movimento do grupo paranaense, que faturou R$ 12,3 bilhões no ano passado, com alta de 7% ante 2016, no mercado de fusões e aquisições. Em 2013, a empresa havia comprado uma fatia da distribuidora de perfumes Frajo, que também tem a Coty entre suas acionistas.
Comando. O Grupo Boticário passará a ser dono de 100% do negócio, mas os fundadores da marca, Murilo Reggiani e Daniela Cruz, permanecerão à frente do negócio, pelo menos neste primeiro momento. Procurados, o Grupo Boticário e os fundadores da Vult não quiseram dar entrevista. O Boticário alegou que o negócio depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para ser concluído.
Segundo apurou a reportagem, no entanto, Reggiani foi a força criativa por trás da criação da Vult, enquanto Daniela entrou com a maior parte do capital do negócio, aberto em 2004. Uma fonte próxima à empresa contou que, após quase se formar em engenharia, o empresário decidiu se dedicar à venda de cosméticos.
Começou trabalhando para a Max Love, mas, depois de essa empresa enfrentar dificuldades, decidiu abrir seu próprio negócio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.