Os dados mais recentes do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trazem à tona uma mudança significativa na composição familiar no Brasil, destacando um crescimento expressivo no número de casais homoafetivos nos últimos 12 anos. Embora ainda representem uma parcela reduzida da população, as estatísticas revelam um cenário em transformação.
Em 2022, as unidades domésticas formadas por um responsável e um cônjuge ou companheiro do mesmo sexo somavam 391.080, o que corresponde a 0,54% do total de domicílios. Esse número é um salto considerável em comparação aos 59.957 registros de 2010, quando a porcentagem era de apenas 0,1%. Essa evolução indica um reconhecimento crescente das relações homoafetivas, refletindo uma mudança nas dinâmicas familiares no país.
Além disso, o censo também apontou uma queda notável nas uniões heteroafetivas, que passaram de 65,3% para 57,5% no mesmo período. Essa diminuição sugere uma reconfiguração nos arranjos familiares tradicionais e uma maior diversidade nas estruturas familiares.
A pesquisa revelou que as maiores proporções de unidades habitacionais com casais homoafetivos estão localizadas no Distrito Federal (0,76%), seguidas pelo Rio de Janeiro (0,73%) e São Paulo (0,67%). Em contrapartida, os estados com as menores taxas foram o Piauí (0,25%), Maranhão (0,30%) e Tocantins (0,31%), evidenciando diferenças regionais na aceitação e formação de casais do mesmo sexo.
Esse aumento no reconhecimento das uniões homoafetivas no Brasil está alinhado com os avanços legais ocorridos na última década. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou as uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo às uniões heteroafetivas, um marco que pavimentou o caminho para a formalização de tais relacionamentos. Em 2013, uma resolução do Conselho Nacional de Justiça autorizou o casamento civil entre casais homoafetivos, consolidando ainda mais a legalidade e a aceitação social dessas uniões.
Dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) complementam essa narrativa, mostrando que desde a legalização do casamento homoafetivo, o Brasil tem registrado uma média anual de 7,6 mil casamentos entre pessoas do mesmo sexo, com uma distribuição que indica que 56% dessas uniões são entre mulheres e 44% entre homens.