A candidata à prefeitura de Curitiba, Cristina Graeml (PMB), está no centro de um debate acalorado após defender, em uma entrevista a um canal de televisão local, a adoção como alternativa para mães “solteiras” ou em situação de vulnerabilidade social que não tenham condições de criar seus filhos. A declaração provocou reações intensas de movimentos sociais, que consideram a proposta um retrocesso nas políticas de proteção social e de direitos das mulheres.
Durante a entrevista, Graeml afirmou que criaria um “instituto pró-vida municipal” destinado a mulheres que engravidaram sem planejamento e foram abandonadas pelos parceiros. De acordo com a candidata, a iniciativa teria como objetivo proporcionar acolhimento discreto e apoio legal para essas mães, incluindo assistência psicológica e financeira. A proposta inclui, ainda, a possibilidade de que essas mulheres, caso optem, possam doar seus filhos para adoção, atendendo à demanda de casais que esperam por uma criança no sistema de adoção.
As reações ao posicionamento de Graeml foram imediatas. Especialistas e ativistas da área dos direitos das mulheres compararam a proposta a um retrocesso que remete ao período colonial e às primeiras décadas do século XX, época em que muitas mulheres, pressionadas pelo preconceito e pela falta de amparo, eram forçadas a abandonar seus filhos. “Hoje, discutimos a importância de políticas públicas que fortaleçam a autonomia das mulheres e ofereçam suporte para que possam cuidar de seus filhos com dignidade”, argumentam representantes de movimentos sociais.
Organizações de direitos humanos e coletivos feministas também exigem que a prefeitura de Curitiba invista em programas que promovam a dignidade das mulheres em situação de vulnerabilidade. Segundo esses movimentos, é essencial que políticas públicas incluam qualificação profissional, acesso a moradia e proteção social, permitindo que essas mulheres tenham autonomia e não precisem abrir mão da convivência familiar. Para eles, a proposta de Graeml parece ignorar as demandas sociais contemporâneas e reforça uma visão ultrapassada, que desconsidera os avanços na promoção de direitos e inclusão social.