A Corregedoria da Polícia Científica do Paraná (PC-PR) abriu uma investigação para apurar a conduta do médico legista Alcimar José Vidolin, que recentemente gerou polêmica nas redes sociais. Em um vídeo compartilhado, Vidolin afirmou que a maioria dos casos de violência contra a mulher que atende são, segundo ele, falsas denúncias. Suas declarações causaram indignação e repúdio em diversos setores, incluindo órgãos de perícia e direitos humanos.
Vidolin, que atua como perito oficial em Curitiba (PR) e em Joinville (SC), questionou a veracidade das denúncias de violência doméstica, alegando que “em cada caso verdadeiro há dezenas de acusações falsas” motivadas por vingança, alienação parental ou disputas patrimoniais. Ele ainda reforçou a ideia de que homens estariam sendo “humilhados” e sugeriu que as leis de proteção às mulheres fariam parte de uma “engenharia social maligna” com o intuito de desestruturar famílias.
As declarações foram duramente criticadas por diversas instituições. O Grupo Perícia Mulheres, composto por servidoras públicas da Polícia Científica do Paraná, e o Sindicato dos Peritos Oficiais da Polícia Científica do Paraná (Sinpoapar) emitiram uma nota de repúdio, classificando o vídeo como uma grave afronta aos direitos das mulheres. “É inaceitável que um perito oficial criminal propague conteúdo que desrespeita os fundamentos da Justiça e os Direitos Humanos”, diz o documento.
A Associação Brasileira de Criminalística (ABC) também se manifestou em apoio ao repúdio, destacando o papel essencial dos exames periciais na comprovação de violência. Segundo a entidade, os laudos técnicos e a análise de vestígios realizados pelos peritos criminais são frequentemente a principal evidência que fortalece as denúncias de violência doméstica.
Além da apuração da Polícia Científica do Paraná, a Polícia Científica de Santa Catarina também está colaborando na investigação ético-disciplinar do servidor. O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), por sua vez, já tomou conhecimento do vídeo e anunciou que abrirá uma sindicância para avaliar o comportamento de Vidolin.
As declarações do médico ocorrem em um momento em que o Paraná registra um aumento significativo nos casos de violência contra a mulher. Entre janeiro e agosto de 2024, quase 160 mil ocorrências foram registradas no estado, uma média de 658 por dia. O número representa um crescimento de 4,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp).