A bancada do PSol na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) protocolou, nesta sexta-feira (11/10), um pedido de cassação do deputado estadual Lucas Bove (PL) em razão das denúncias de violência doméstica feitas por sua ex-esposa, a influenciadora Cíntia Chagas. O caso ganhou destaque após a apresentação de evidências que incluem conversas e imagens das supostas agressões.
Os parlamentares do PSol apresentaram a denúncia ao Conselho de Ética da Alesp, alegando quebra de decoro parlamentar por parte de Bove. O documento, obtido pelo portal Metrópoles, contém prints de conversas entre o deputado e Cíntia, além de imagens anexadas ao boletim de ocorrência registrado pela influenciadora.
O deputado manifestou-se nas redes sociais afirmando que “jamais encostaria a mão em uma mulher” e mencionou estar judicialmente impedido de falar sobre o caso, que tramita em sigilo.
Na representação, o PSol argumenta que as denúncias “configuram graves violações dos princípios éticos e morais esperados de um parlamentar, ferindo os valores de dignidade e respeito aos direitos humanos”. O documento também critica uma postagem feita por Bove após a divulgação das acusações, na qual cita o versículo bíblico João 8:32: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, frequentemente utilizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Não há verdade que liberte ou justifique a violência doméstica. Esta casa legislativa não pode compactuar que um representante do povo, que inclusive foi eleito por bases cristãs, que zelam pelo amor e não pela violência, siga decidindo o futuro do povo paulista”, destaca o texto da denúncia.
O pedido de cassação também faz referência a casos anteriores julgados pelo Conselho de Ética da Alesp. Entre eles, o episódio envolvendo o ex-deputado Fernando Cury, que apalpou a ex-deputada Isa Penna no plenário em dezembro de 2020. Na ocasião, Cury foi suspenso por seis meses, mas não perdeu o mandato. Os parlamentares enfatizam que o caso “expôs a necessidade urgente de punições exemplares e de uma postura firme da Casa contra comportamentos que desrespeitem os princípios de igualdade e respeito às mulheres”.
Além disso, mencionam a cassação do ex-deputado Arthur do Val, conhecido como “Mamãe Falei”, após declarações misóginas sobre mulheres ucranianas. O fato é citado como um “avanço importante” e um lembrete de que os parlamentares não devem se sentir “acima das leis e dos valores que representam a sociedade”.
A bancada do PSol também propôs, na quinta-feira (10/10), uma alteração no regimento interno da Alesp para determinar a perda de mandato de deputados que forem condenados por violência doméstica.