A Justiça Federal no Paraná emitiu uma sentença severa contra o empresário Francisley Valdevino da Silva, amplamente conhecido como “Sheik do Bitcoin”. Ele foi condenado a 56 anos e quatro meses de prisão em regime fechado, sob a acusação de liderar um extenso esquema de pirâmide financeira que utilizava criptomoedas como fachada. O caso, que chamou a atenção pela magnitude dos prejuízos, causou danos a aproximadamente 15 mil vítimas e movimentou mais de R$ 4 bilhões entre 2018 e 2022.
As investigações, que tiveram início em 2016, foram intensificadas por uma operação da Polícia Federal em 2022, quando Francisley foi inicialmente preso na capital paranaense. Na ocasião, o delegado Filipe Hille Pace detalhou como o empresário convencía as vítimas a investirem em promessas de retornos financeiros elevados a partir do gerenciamento de criptoativos. Contudo, os recursos arrecadados eram desviados para a compra de imóveis luxuosos, veículos importados e a realização de viagens extravagantes.
Francisley foi solto em junho de 2023, mas seu retorno à prisão em agosto deste ano ocorreu após suspeitas de descumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça. Durante o processo, o juiz federal Nivaldo Brunoni, responsável pela sentença, ressaltou o desprezo demonstrado pelo réu em relação aos investidores, que depositaram suas esperanças e economias em busca de lucros.
A complexidade do esquema revelou que o empresário operava por meio da abertura de mais de 80 empresas, buscando minimizar suas responsabilidades frente aos golpes aplicados. Muitas dessas empresas eram encerradas rapidamente, deixando as vítimas sem qualquer possibilidade de reaver os valores investidos. O juiz também destacou que as fraudes não se restringiram ao Brasil, alcançando investidores nos Estados Unidos e em pelo menos outros dez países.
Além da condenação de Francisley, outras cinco pessoas envolvidas no esquema também foram sentenciadas a penas que variam de 11 a 48 anos de prisão, conforme os crimes cometidos. Os bens e valores apreendidos em decorrência das investigações foram encaminhados ao Juízo da 2ª Vara de Falência e Recuperação Judicial de Curitiba, com o objetivo de ressarcir as vítimas.