A recente reforma do Hotel Tibagi, um dos edifícios mais icônicos do centro de Curitiba, tem gerado discussões acaloradas entre arquitetos e moradores da cidade. O prédio, projetado em 1972 pelo renomado arquiteto Jaime Lerner em parceria com Domingos Bongestabs, é conhecido por sua importância no cenário arquitetônico local. Inaugurado em 1973, o hotel foi construído para suprir a demanda turística na região central e se tornou um marco no horizonte da capital paranaense.
No entanto, após mais de 50 anos, a estrutura começou a apresentar sinais de desgaste, o que motivou a necessidade de uma reforma. As obras, iniciadas há cerca de um ano, prometiam revitalizar o edifício sem comprometer seu valor histórico. Entretanto, as mudanças na fachada e nos detalhes arquitetônicos vêm sendo alvo de críticas, especialmente pela descaracterização dos elementos originais.
Entre as alterações mais visíveis, destacam-se a remoção dos ladrilhos de cerâmica que ornamentavam as laterais menores do prédio e a substituição das esquadrias com vidro opaco. Além disso, a face maior, antes composta por painéis vermelhos e pilares em concreto, foi completamente modificada e agora apresenta uma fachada de vidro espelhado. Essas mudanças, embora visem modernizar o hotel, foram mal recebidas por arquitetos renomados, que destacam a perda da identidade visual original do projeto.
A população curitibana, conhecida por seu apreço pela preservação do patrimônio histórico, também se manifestou. Muitos lamentam a descaracterização do prédio, que por décadas foi um símbolo da modernização da cidade na década de 1970. Comentários nas redes sociais apontam que o novo visual “de vidro” do hotel destoa do entorno e compromete a identidade cultural do centro histórico de Curitiba.
A polêmica em torno da reforma do Hotel Tibagi levanta um debate mais amplo sobre a preservação do patrimônio arquitetônico em cidades que buscam modernizar sua infraestrutura. Enquanto alguns defendem a necessidade de adaptação às demandas do mercado e da tecnologia, outros reforçam a importância de manter vivas as características que tornam os edifícios ícones urbanos.
Com o fim das obras se aproximando, o futuro do Hotel Tibagi parece inevitavelmente distante de suas origens. No entanto, a discussão sobre sua descaracterização pode trazer à tona a urgência de encontrar um equilíbrio entre inovação e preservação, para que outros marcos arquitetônicos de Curitiba não sejam alvo do mesmo destino.