Uma moradora de Ponta Grossa está lutando por justiça após ter conteúdos íntimos divulgados na internet sem sua autorização. O ex-marido da mulher teria invadido seu perfil em uma rede social no final de junho, onde compartilhou vídeos contendo nudez e enviou mensagens a outros usuários oferecendo serviços sexuais em seu nome. A ação criminosa teve graves consequências para a vítima, afetando tanto sua vida pessoal quanto profissional. A exposição não consentida chegou ao conhecimento de familiares e amigos, e a mulher perdeu seu emprego, enquanto sua filha passou a ser alvo de zombarias na escola.
Diante dessa situação, a Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) assumiu a defesa da vítima, conseguindo uma decisão judicial que proíbe o agressor de manter qualquer tipo de contato com a mulher, seja pessoalmente ou à distância, além de impedir a divulgação de mais conteúdos. A Defensoria também está buscando uma indenização por danos morais, dada a gravidade dos prejuízos causados à vítima. O caso tramita em segredo de justiça no Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher e Vara de Crimes contra Crianças, Adolescentes e Idosos de Ponta Grossa.
De acordo com a defensora pública responsável pelo caso, Raísa Bakker de Moura, o ato criminoso teria sido motivado pela insatisfação do homem com a guarda da filha, que permaneceu com a ex-mulher após o divórcio. A adolescente, que inicialmente era enteada da vítima, foi adotada após a separação do casal e a mudança do homem para o Ceará. Desde então, o ex-marido passou a prejudicar a mulher, possivelmente como forma de retaliação pela guarda provisória da jovem.
A situação é classificada como “pornografia de vingança”, termo utilizado para descrever casos em que imagens íntimas são compartilhadas sem o consentimento da pessoa envolvida, como forma de punição ou vingança. Essa prática constitui uma grave violação da Lei Maria da Penha, que prevê medidas protetivas e sanções contra qualquer tipo de violência doméstica e familiar. A palavra da vítima foi suficiente para que a Defensoria conseguisse as medidas protetivas de urgência, garantindo sua segurança.
A defensora pública destaca que casos como esse representam uma forma de violência de gênero, em que a intimidade da mulher é exposta para desmoralizá-la em uma sociedade que frequentemente culpa as vítimas pelo exercício de sua sexualidade. Além dos danos morais causados pela exposição, a Defensoria busca reparação financeira também pelo prejuízo material sofrido pela vítima, que perdeu seu emprego devido à situação.
A DPE-PR, através de sua atuação no Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, oferece assistência qualificada às vítimas de violência doméstica, proporcionando não apenas proteção física, mas também suporte jurídico para garantir a reparação dos danos sofridos.