Faleceu nesta sexta-feira (6), em Los Angeles, nos Estados Unidos, o renomado pianista e compositor Sergio Mendes, aos 83 anos. Reconhecido como um dos principais embaixadores da música brasileira no cenário internacional, Mendes deixa um legado imensurável na história do samba-jazz e da bossa nova. A família do artista confirmou sua morte, mas não divulgou a causa exata, embora desde o final de 2023 o músico enfrentasse complicações decorrentes de problemas respiratórios.
Nascido no Rio de Janeiro, Sergio Mendes começou sua trajetória no cenário musical brasileiro ao lado de ícones como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell, no emblemático Beco das Garrafas, reduto da bossa nova em Copacabana. Foi nesse ambiente efervescente que Mendes ouviu pela primeira vez a canção “Mas que nada”, de Jorge Ben Jor, que viria a se tornar seu maior sucesso internacional. A faixa impulsionou o álbum de estreia de seu grupo, Brasil ’66, intitulado Herb Alpert presents Sergio Mendes & Brazil ’66. Décadas mais tarde, em 2006, a música seria regravada com grande êxito pelo grupo de hip hop Black Eyed Peas, alcançando novamente as paradas de sucesso.
A carreira internacional de Sergio Mendes foi consolidada nos Estados Unidos, onde ele vivia há mais de 60 anos. Ele se mudou para o país em meio à instabilidade política no Brasil após o golpe militar de 1964, levando consigo sua esposa, a cantora Gracinha Leporace, com quem era casado há mais de 50 anos. Gracinha também era parceira musical de Mendes, atuando como vocalista em sua banda desde o início dos anos 1970. Em solo norte-americano, Mendes firmou parcerias memoráveis, incluindo turnês ao lado de Frank Sinatra, com quem desenvolveu uma forte amizade.
Entre outros grandes sucessos de Mendes está a versão de “Fool on the Hill”, dos Beatles, que deu nome ao LP de 1968 do grupo Brasil ’66. Paul McCartney, um dos autores da canção, elogiou a versão de Mendes, que ganhou novos ares com um arranjo de samba-jazz. “Adorei aquilo e fiz um arranjo de samba”, contou Mendes em uma entrevista ao jornal O Globo em 2015, lembrando o entusiasmo de McCartney com a releitura.