Ricardo Arruda, deputado estadual pelo Partido Liberal (PL), está sendo processado por acusações de desvio de dinheiro público, tráfico de influência e associação criminosa. De acordo com o Ministério Público, entre 2016 e 2017, Arruda e quatro de seus ex-assessores utilizaram o cargo parlamentar para influenciar processos junto ao governo estadual e ao Judiciário, recebendo quase R$ 500 mil para realizar serviços ilícitos. A denúncia inclui uma série de incidentes que revelam o uso de influência e prestígio político para favorecer interesses privados em troca de pagamentos substanciais.
Em outubro de 2016, por exemplo, Arruda e seus assessores teriam recebido cerca de R$ 100 mil para auxiliar um empresário do setor de exportação a garantir o recebimento de valores pendentes em contratos com o Governo do Paraná. Não foi confirmado se o deputado conseguiu cumprir o pedido, mas o episódio marca o início de uma sequência de transações suspeitas. Já em dezembro do mesmo ano, Arruda cobrou e recebeu R$ 80 mil para facilitar a reintegração de ex-policiais militares na corporação, o que, segundo testemunhas, teria sido efetivamente realizado.
A atuação controversa de Arruda continuou em 2017. Em fevereiro, o deputado supostamente negociou R$ 80 mil para ajudar um policial a avançar na carreira e evitar sua expulsão durante uma investigação de tortura. A interferência de Arruda, contudo, não foi confirmada como bem-sucedida. Outro caso semelhante ocorreu em março, quando R$ 110 mil foram pagos para tentar reintegrar um policial expulso da Polícia Militar. Segundo o Ministério Público, essa tentativa também falhou, conforme relatado pela própria corporação. No segundo semestre de 2017, Arruda teria recebido mais R$ 65 mil para tentar garantir um habeas corpus para um policial militar preso, porém, sem sucesso.
Os pagamentos pelos favores descritos teriam sido realizados em locais diversos, incluindo o gabinete do parlamentar, a área externa da Assembleia Legislativa e até mesmo no Parque Barigui, um local público em Curitiba. As investigações indicam um padrão de ações ilegais sistemáticas, utilizando a posição de Arruda para fins de ganho pessoal e favorecimento ilícito de terceiros.
Em resposta às acusações, a defesa de Ricardo Arruda emitiu uma nota afirmando respeito à decisão do Tribunal de Justiça, mas enfatizou que a verdade será revelada durante o processo judicial, demonstrando a inocência do deputado. A situação de Arruda agora será avaliada na Justiça, onde ele e seus ex-assessores enfrentarão as graves acusações formuladas pelo Ministério Público, trazendo à tona questões sobre integridade e abuso de poder no exercício de cargos públicos.