O espetáculo “Virginia”, com Cláudia Abreu, será apresentado no auditório Salvador de Ferrante (Guairinha) nos dias 30 e 31 (sexta-feira e sábado), às 20h30, e no domingo (1°), às 19h. A montagem foi idealizada e escrita pela artista, algo inédito na sua longeva carreira, e marca, ainda, sua estreia em um espetáculo solo.
A atriz interpreta a escritora inglesa Virginia Woolf, cuja trajetória foi marcada por tragédias pessoais e uma linha tênue entre lucidez e loucura. A direção é de Amir Haddad. A vida e a obra de Virginia Woolf (1882 – 1941) são os motores de criação da peça, a partir de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou cinco anos.
A relação de Claudia com a escritora começa em “Orlando”, montagem assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, ela travou contato inicial com a escritora de clássicos como “Mrs Dalloway”, “Ao Farol” e “As Ondas”. No entanto, somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, que a atriz reencontrou e mergulhou de cabeça no universo da autora. Após ler e reler alguns livros, incluindo as memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virginia falou mais alto.
“Eu me apaixonei por ela novamente. Fiquei fascinada ao perceber como uma pessoa conseguiu construir esta obra brilhante com tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas que teve na vida. Como ela conseguiu reunir os cacos?”, questiona a atriz.
Cláudia enxerga “Virginia” como um marco de maturidade em sua própria trajetória. “O texto também vem deste desejo de fazer algo que me toca, do que me interessa falar hoje. De falar do ser humano, sobre o que fazemos com as dores da existência, sobre as incertezas na criação artística, e também falar da condição da mulher ontem e hoje. Não poderia fazer uma personagem tão profunda sem a vivência pessoal e teatral que tenho hoje”, avalia.
A dramaturgia de “Virginia” foi concebida como inventário íntimo da vida da autora. Em seus últimos momentos, ela rememora acontecimentos marcantes em sua vida, a paixão pelo conhecimento, os momentos felizes com os queridos amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afetos, dores e seu processo criativo.
A estrutura do texto se apoia no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de ‘dar corpo’ às vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente.
“‘Fazer o monólogo foi uma opção natural neste processo, pois todas as vozes estão dentro dela. Eu nunca quis estar sozinha, sempre gostei do jogo cênico com outros colegas, mas a personagem me impeliu a isso”, analisa Cláudia, cujo processo de criação se desenvolveu a partir de uma série de improvisações que fez ao longo dos últimos anos, em especial durante o período pandêmico, já acompanhada por Amir Haddad.
A chegada de Amir ao projeto vem ao encontro do desejo de encenar o seu próprio texto. “Ele tem como premissa a liberdade, permite que o ator seja o autor de sua escrita cênica, isso foi fundamental em todo o processo. O ator é um ser da oralidade, a maior parte do texto foi escrita a partir do que eu improvisava de maneira espontânea e depois organizava como dramaturgia”, relata a atriz, que se aventurou na escrita pela primeira vez com o roteiro da série “Valentins”, em 2017, da qual também é cocriadora.
Malu Valle, que assina a codireção da montagem, chegou no processo quando Amir se recuperava de Covid e contribuiu em toda a etapa final de “Virginia”.
Serviço:
“Virginia”, com Cláudia Abreu
Data: 30 e 31 de agosto, às 20h30; 1º de setembro, às 19h
Local: Auditório Salvador de Ferrante (Guairinha) – Rua XV de Novembro, 971 – Centro – Curitiba
Ingressos: Disk Ingressos