Na última sexta-feira (9), o gravador de voz da cabine do avião ATR-72 que caiu em Vinhedo, São Paulo, registrou momentos dramáticos antes da tragédia que resultou na morte de 62 pessoas. As gravações, obtidas com exclusividade pelo Jornal Nacional, revelam conversas tensas entre os pilotos e gritos a bordo, minutos antes da queda.
De acordo com a análise preliminar realizada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva expressou preocupação com a perda repentina de altitude da aeronave e mencionou a necessidade de “dar potência” ao motor, numa tentativa desesperada de estabilizar o voo. Contudo, em cerca de um minuto, o avião colidiu com o solo, encerrando a gravação com sons de impacto e gritos dos ocupantes.
A transcrição de aproximadamente duas horas de áudio foi realizada no laboratório de análise de dados do Cenipa e, embora forneça detalhes sobre os momentos finais do voo, ainda não permite uma conclusão definitiva sobre as causas do acidente. A ausência de alertas sonoros característicos, como os de falha elétrica ou motor, adiciona mais complexidade à investigação, que ainda considera a hipótese de formação de gelo nas asas, levando à perda de sustentação do avião.
Os investigadores continuam a trabalhar na análise dos dados das caixas-pretas, essenciais para desvendar os fatores que contribuíram para a tragédia. O relatório preliminar, que deve ser concluído em 30 dias, será crucial para esclarecer o contexto do acidente.
O processo de investigação conta com a colaboração de engenheiros da fabricante francesa ATR e da canadense Pratt & Whitney, além de especialistas da BEA e da TSB, órgãos de segurança aeronáutica da França e do Canadá. A participação dessas equipes é parte de acordos internacionais, ativados sempre que ocorrem acidentes aéreos de grande magnitude.
Enquanto isso, familiares das vítimas aguardam com esperança o esclarecimento das circunstâncias que levaram à queda do voo operado pela Voepass, antiga Passaredo, que partiu de São Paulo com destino ao Paraná. A busca por respostas continua, em um esforço conjunto para evitar que tragédias semelhantes se repitam no futuro.