Na última sexta-feira (9), um trágico acidente aéreo chocou o Brasil quando um avião ATR-72 da Voepass, que fazia a rota entre Cascavel, no Paraná, e Guarulhos, em São Paulo, caiu em Vinhedo, no interior paulista. A aeronave, que transportava 58 passageiros e 4 tripulantes, estava próxima de iniciar os procedimentos de descida quando, repentinamente, perdeu sustentação e despencou, resultando na morte de todos a bordo.
Especialistas em segurança de voo já começaram a investigar as causas do acidente. O engenheiro aeronáutico Celos Faria de Souza, perito criminal em acidentes aeronáuticos e diretor da Associação Brasileira de Segurança de Voo (Abravoo), analisou as imagens do momento da queda e apresentou duas hipóteses principais. A mais provável, com uma chance estimada de 95%, sugere que a formação de gelo nas asas do avião foi o fator determinante.
De acordo com Souza, havia previsão de condições climáticas que poderiam levar à formação de gelo na área onde o acidente ocorreu. Esse gelo, caso se acumule nas asas, compromete a sustentação da aeronave, resultando em perda repentina de altitude, como observado nas imagens do incidente. Ele destaca que as imagens mostram a aeronave aparentemente sem avarias estruturais, o que reforça a teoria de que o gelo nas asas foi o responsável pela queda.
Outro dado que sustenta essa hipótese é o relato de um piloto de A320, que, em voo para Guarulhos no mesmo dia, registrou a formação de gelo na janela lateral da cabine, um fenômeno raro, mas que pode ocorrer em condições climáticas extremas como as observadas na região.
Embora a formação de gelo nas asas seja a principal hipótese, uma segunda possibilidade está sendo considerada, embora com menor probabilidade. Souza sugere que a aeronave pode ter sofrido um desbalanceamento durante o voo, possivelmente devido ao deslocamento de carga para a parte traseira do avião, o que também poderia ter causado a perda de controle e a subsequente queda.
O modelo ATR-72, utilizado pela Voepass, opera em altitudes mais baixas, o que o torna mais suscetível à formação de gelo. Diferente dos jatos de grande porte, como os da Boeing e Airbus, o ATR-72 possui um sistema de degelo que funciona de maneira distinta, e qualquer falha nesse sistema pode ter consequências graves.
As investigações sobre o acidente continuam, com as autoridades buscando reunir todas as informações necessárias para determinar a causa exata da tragédia.
Informações O Globo.