O valor das joias supostamente desviadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser significativamente maior do que os US$ 1,227 milhão inicialmente informados pela Polícia Federal (PF). A perícia dos itens ainda não foi concluída, e objetos como anéis, rosários e abotoaduras de dois kits de joias permanecem sem avaliação.
Além desses itens, outros objetos valiosos ainda estão desaparecidos. Entre eles, destacam-se uma palmeira e um barco dourados, além de um relógio Patek Philippe, recebidos por Bolsonaro após uma viagem ao Reino do Bahrein em 2021. A PF ainda não estimou o valor desses presentes.
Inicialmente, a PF divulgou erroneamente que o valor das joias desviadas por Bolsonaro seria de R$ 25 milhões. Após a quebra de sigilo do inquérito pelo ministro Alexandre de Moraes, a corporação corrigiu o valor para R$ 6,8 milhões, equivalente a US$ 1,227 milhão pela cotação do início do mês.
Os itens mais caros incluem um conjunto de brilhantes recebido pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, avaliados em US$ 1,015 milhão. Esse conjunto, da marca Chopard, foi entregue pela Arábia Saudita ao ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, mas acabou retido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos em 2021. O conjunto inclui um relógio, um par de brincos, um anel e um colar prateado.
Outro item de destaque é um relógio Chopard do “kit ouro rosé”, avaliado em cerca de US$ 100 mil. Esse relógio entrou no Brasil sem o conhecimento da Receita e foi mantido em um cofre do Ministério de Minas e Energia até novembro de 2022. Quando Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, o relógio foi levado junto e, posteriormente, levado a leilão nos EUA. Contudo, não foi arrematado e acabou devolvido após uma ordem do Tribunal de Contas da União (TCU).
O relatório da Polícia Federal sugere que Bolsonaro e mais 11 pessoas estão sendo investigados por crimes como peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro, relacionados à venda de joias recebidas durante viagens oficiais. A Procuradoria-Geral da República (PGR) tem 15 dias para se manifestar sobre o relatório, podendo pedir mais provas, arquivar o caso ou apresentar denúncia, o que tornaria Bolsonaro réu.
O ex-presidente Bolsonaro negou ter ordenado a venda das joias e afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que não recebeu nenhum valor por elas. Seu advogado, Fabio Wajngarten, declarou que não há provas contra ele, afirmando que foi indiciado apenas por ter orientado Bolsonaro a devolver as joias ao TCU.
Dois ex-auxiliares de Bolsonaro, Marcelo da Silva Vieira e o coronel Marcelo Costa Câmara, também foram indiciados e acusam “erros técnicos” no relatório da PF. A defesa dos dois ex-auxiliares alegou que o relatório contém “incongruências e erros” que podem comprometer as acusações, classificando o indiciamento como uma “desmedida tentativa de perseguição”.