A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba confirmou mais 28 casos de hepatite A na cidade na última semana. O boletim do Centro de Epidemiologia da SMS, divulgado nesta segunda-feira (17/6), registra 338 confirmações entre janeiro e 14 de junho deste ano, com cinco mortes e um transplante hepático em decorrência da contaminação pela hepatite A.
O alto número de casos de 2024 caracteriza surto da doença em Curitiba. Na série histórica da hepatite A na capital paranaense, entre 2012 e 2023, foram confirmados 134 casos, com baixo número de registros anuais. Atualmente, a faixa etária mais predominante é dos adultos jovens, entre 20 e 39 anos, sendo a maioria homens, com 246 confirmações (72,7%); as mulheres respondem por 92 casos (27,3%).
A velocidade com que estão sendo registradas novas confirmações de hepatite A em Curitiba motivou reuniões da SMS com equipes de epidemiologia do Ministério da Saúde para introdução de novas estratégias de controle do surto na cidade.
De acordo com a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella, o Ministério da Saúde sinalizou com a possibilidade de introduzir a vacinação contra a doença para públicos específicos, considerados de risco, estratégia que está sendo estruturada e será divulgada assim que definida.
“Nossa orientação é que as pessoas mantenham atitudes preventivas, fortalecendo principalmente medidas de higiene, que é a principal forma de evitar a contaminação por hepatite A”, destaca a secretária.
Transmissão
A transmissão da hepatite A se dá pelo contato de fezes com a boca, que pode acontecer por mãos contaminadas ou pelo sexo desprotegido, principalmente anal/oral. O período de incubação, intervalo entre a exposição efetiva do indivíduo suscetível ao vírus e o início dos sinais e sintomas clínicos da infecção, varia de 15 a 50 dias, sendo em média de 30 dias.
A pessoa que foi contaminada permanece transmitindo o vírus nas fezes por até cinco meses, mesmo depois de ter se curado e não apresentar sintomas, o que mostra o potencial de transmissão da doença.
Geralmente benigna e mais comum em crianças, que não têm grande domínio da higiene das mãos, a hepatite A em adultos costuma ser mais grave, levando inclusive à internação hospitalar, podendo evoluir para falência hepática e óbito. Neste ano, em Curitiba, 200 pacientes com hepatite A foram internados (59%) e 11 precisaram de cuidados intensivos em UTI. Uma pessoa precisou de transplante hepático em função da hepatite A aguda.
Vacina
Desde 2012, as crianças de 1 a 5 anos são imunizadas contra a hepatite A pelo SUS, o que reduziu o número de ocorrências na infância. A imunidade contra a doença se dá pela vacina ou pela contaminação pelo vírus, sendo que só se adoece pelo vírus A da hepatite uma vez na vida.
“Quem teve a doença na infância está protegido, assim como quem foi vacinado. Todas as demais pessoas estão suscetíveis e precisam se prevenir contra a infecção”, explica o diretor de Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides de Oliveira.
Além das crianças, a vacina da hepatite A pelo SUS está disponível para pessoas vivendo com HIV/Aids, candidatos a transplantes, doadores de órgãos sólidos e imunossuprimidos, que podem receber sua dose nos Centros de Referência de Imunobiológicos. Nos demais casos e faixas etárias, a vacina está disponível nas clínicas privadas.
Sintomas
Com sintomas parecidos com os de várias viroses, como febre, mal-estar, náuseas e fadiga, a orientação é buscar atendimento o quanto antes para o diagnóstico diferencial. Com a evolução da doença, a pele e olhos ficam amarelados e a urina escura, características típicas da hepatite A.
Se os sintomas forem leves, é possível fazer uma consulta pela Central Saúde Já – 3350-9000. Se necessário, a pessoa será direcionada para um atendimento presencial em Unidade de Saúde para exames e tratamento, ou, caso o quadro seja mais grave, para uma UPA.
Outra orientação importante é evitar a automedicação, que pode comprometer o fígado, já fragilizado pela doença.
Conheça as principais medidas para prevenir a contaminação pela hepatite A:
- Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
- Lavar constantemente as mãos, incluindo após o uso do sanitário, de trocar fraldas e antes do preparo de alimentos;
- Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por pelo menos 10 minutos;
- Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
- Usar instalações sanitárias;
- No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
- Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
- Vacinar as crianças de 1 a 5 anos contra a hepatite A, imunização prevista no calendário nacional do SUS.
- Pessoas vivendo com HIV/Aids, candidatos a transplantes, doadores de órgãos sólidos, imunossuprimidos também podem se vacinar contra a hepatite nos Centros de Referências de Imunobiológicos (Crie).