A Polícia Civil de Cascavel, no oeste do Paraná, está investigando uma denúncia de golpe envolvendo R$ 2,4 milhões destinados à compra de um medicamento para o tratamento de câncer de uma menina de 11 anos. A família da paciente relatou à polícia que, apesar de ter conseguido o acesso ao medicamento Danyelza por ordem judicial, nunca recebeu o produto.
O remédio, considerado um dos últimos recursos para tratar o câncer agressivo da menina, deveria ser fornecido pelo Governo do Paraná, conforme determinado pela Justiça, uma vez que não estava disponível na lista de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS). A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) explicou, em nota, que recebeu a ordem judicial em janeiro deste ano por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE/PR).
Inicialmente, o Sesa solicitou um prazo de seis meses para importar o medicamento, pois ele não era comercializado no Brasil. No entanto, devido à urgência do caso, o juiz ordenou o sequestro de valores do Estado para cumprir a decisão judicial. Em abril, o Estado liberou R$ 2,4 milhões, deixando a aquisição do medicamento sob responsabilidade da família e/ou seu representante, que deveria prestar contas no processo judicial.
Segundo a denúncia, a família enfrentou problemas após a liberação dos valores. Eles informaram que um advogado apresentou orçamentos à Justiça para a importação do remédio, optando por uma empresa de Santa Catarina que ofereceu o melhor preço. No entanto, essa empresa contratou uma segunda empresa do Rio Grande do Sul, não citada na ação judicial, para realizar a importação do medicamento.
O valor referente à compra do medicamento foi depositado na conta da empresa importadora em 10 de abril deste ano, e o produto deveria ter chegado em 30 dias. A família, no entanto, afirma que nunca recebeu o medicamento, levantando suspeitas de um golpe.
A Secretaria de Saúde ressaltou que o fornecedor não possui qualquer relação com a pasta e que o caso está sendo investigado pelos órgãos competentes. A Polícia Civil está conduzindo as investigações para determinar o que ocorreu com os R$ 2,4 milhões e se houve fraude na importação do remédio.
O Tribunal de Justiça foi acionado para esclarecer como é feita a seleção e os critérios utilizados nesse tipo de compra, mas até o momento não houve retorno. O caso levanta preocupações sobre a transparência e a eficácia dos processos de importação de medicamentos essenciais para tratamentos críticos, especialmente quando se trata de recursos públicos destinados a salvar vidas.