O domingo de PsychoCarnival começou com a 15ª edição da Zombie Walk Cwb, um dos eventos mais tradicionais do cenário cultural curitibano. Além dos zumbis humanos, os pets também farão parte da caminhada na “The Walking Dogs”, nas quais os animais de estimação vão desfilar com suas respectivas fantasias. O público que acompanha a Zombie Walk Cwb abrange um número gigantesco de crianças e de idosos justamente por se tratar de uma programação para toda família.
Duo Morcegula com Rebeca Li (Pulmão Negro) de Uberlândia e Badke (Carbona) do Rio de Janeiro abriram os trabalhos sonoros da noite com histórias de paixão pela música, pelo punk rock e pela estrada, cantando a vida daqui e do além. Ato contínuo, os vizinhos de Colombo subiram no palco para nos contar crônicas de terror trash, motocicletas, rock and roll e uma paixão desenfreada por cervejas. Já a primeira apresentação internacional do dia, foi o Razor Kids, banda de Faro de terras algarvias que tem o Punk Rock saltando aos ouvidos em cada acorde.
Os guarapuavanos do Kingargoolas retornaram ao Psycho após três anos sabáticos de shows e do multiverso pessoal, mas aproveitaram para desenvolver outros projetos musicais neste período. Após um show com muita energia e criatividade, Mackey (guitarra) e Joerto (baixo) falaram com o XV Curitiba um pouco sobre tudo.
“Estamos voltando, mas agora no nosso ritmo. A gente toca praticamente sem ensaio, mas já tocamos juntos há muito tempo, então estamos conseguindo até compor música nova, que provavelmente esteja no próximo disco. No Psycho tocamos cinco edições consecutivas, demos um tempo e agora retornar, foi muito especial essa experiência. Acredito que esse show de hoje foi o melhor que fizemos desde o retorno. Desde que começamos a tocar no PsychoCarnival já sentíamos a preocupação do Festival de trazer bandas com estilos que se conversam, como a surf music, punk, etc., então esta diversificação eu acho uma das coisas mais importantes para o público, para as bandas e para o fortalecimento do Festival”.
As Mercenárias ficaram com a incumbência de segurar a onda após o show do Kingargoolas e não é qualquer banda que consegue tal façanha. Mas para o trio paulista que está na estrada desde 1982 e que trouxe ao mundo o disco “Cadê As Armas”, item básico do punk brasileiro, a tarefa foi cumprida com galhardia e muito mais.
O Black Pantera veio lá de Uberaba e desde 2014 se destaca com letras que abordam política, racismo e discriminação. Vieram para participar do PsychoCarnival em dois momentos: uma roda de conversa no Café Manifesto sobre o racismo no Brasil e de que maneira as bandas e o público podem se posicionar e lutar contra todas as formas de preconceito. E claro, o show no palco do Jokers de crossover thrash que pegou a plateia pelas vísceras. Nem mesmo estar no line up espremido entre os shows de As Mercenárias e Sick Sick Sinners intimidou os mineiros que deram seu recado, conscientizaram as pessoas e ainda tocaram como só um Black Pantera sabe fazer.
O guitarrista e vocal Charles Gama conversou com o XV Curitiba sobre sua primeira vez no carnaval curitibano. “Vou começar agradecendo todo mundo pela oportunidade. A gente acompanha o Psycho há muitos anos, mas eu nunca tinha vindo pra cá. A gente vê a importância que tem o Festival por permanecer todos estes anos sempre vivo.
E receber este convite para vir tocar aqui num carnaval bonito deste é maravilhoso”.
“Hoje, mais cedo, fizemos um bate papo, porque geralmente a gente encontra a galera no rolê e fica difícil conversar, porque é mais barulho, muita loucura e nem sempre a gente consegue passar a mensagem toda. E por isso, o Festival, fazer um evento específico a gente consegue passar a nossa experiência, para que as pessoas tenham noção do que acontece e que a gente consiga mudar o comportamento para melhor. A galera de Curitiba está de parabéns, porque o Café Manifesto estava lotado, a galera até sentada no chão. A gente conseguiu passar a nossa visão das situações, o pessoal conseguiu também dar as suas opiniões, foi um ambiente de troca de ideias e de experiências para que a cada passo a gente consiga chegar no conceito de igualdade para todo mundo e por isso, obrigado mais uma vez Curitiba, satisfação demais”.
A noite encerrou com o Sick Sick Sinners, um dos maiores nomes do Psychobilly brasileiro. O grupo já fez diversas turnês na América do Sul, Europa e EUA, além de ter participado dos mais importantes festivais do estilo em todo o mundo, entre eles, o Psychobilly Meeting, na Espanha. Não é a toa que eles fecharam o dia com um show antológico que ficou marcado nos corações de cada um que lá esteve, neste domingo carnavalesco pós pandêmico.
Durante o dia, após asa conversas com o Black Pantera sobre afro-diásporas, a resistência cultural no rock independente, teve show da banda Repudiyo de Curitiba, enquanto o Lado B Pub recebia asa apresentações de Os Cavaleiros Temporários, também de Curitiba e o Reverendo Frankenstein de São Paulo. Um típico domingo de rock na nossa metonímia toponímica Coré-etuba.