A proposta de deixar o Festival mais plural não significa modifica-lo ao ponto de se descaracterizar. Este segundo dia teve o line up mais Psychobilly de todos os dias, mas sem perder a ternura jamais.
O dia começou no Teatro Universitário de Curitiba (TUC), com o debate sobre “as novas políticas públicas de incentivo à cultura e de que maneira as bandas podem refletir sobre o fortalecimento da cena, com base nas legislações que atualmente vigoram no Brasil” com o mestre em arte, especialista em Neuropsicologia e Aprendizagem, Jeff Araújo. Em seguida a banda Los Clandestinos de São Paulo tocou por lá.
Ao mesmo tempo acontecia um almoço de confraternização no Cão Véio Gastropub que seguiu com o show do Hillbilly Rawhide, banda curitibana de country rock alternativo. Conversamos com Mutant Cox, voz, guitarra e violão do grupo, que nos contou um pouco sobre as participações no Festival Psycho e outras coisinhas mais. “Ver o tamanho e a importância que o PsychoCarnival atingiu, chega a emocionar, chega a arrepiar, só de lembrar de tudo que já rolou, porque a história, cada ano vai dando o seu passo à frente, fazendo as suas mudanças. Em 2000, quando a gente começou a PsychoCarnival, era uma noite só, não existia show no Carnaval, não tinha festa de Carnaval de Rock’n’Roll, ou você ia para o Carnaval da Rua do Centro ou ia pra praia. Então foi ali que começou e ali que foi um grande toque, assim que todo mundo se ligou, é perfeito”.
“E foi só aumentando, aumentando, aumentando e cada ano foi vindo mais e mais bandas. E quando a gente vê hoje em dia, a gente já trouxe todas as bandas mais clássicas e respeitadas da história do Psychobilly. Antes do Festival a gente nem imaginava em ver essas bandas todas. Vierem, vem e continuam vindo todo ano. O PsychoCarnival hoje, faz parte do circuito dos Festivais e todo mundo quer vir tocar aqui. É bem bacana trazer o debate social e político para dentro do Festival, é muito importante isso, contribuir para criarmos mais consciência social e pública. E essa proposta de ampliar o Festival para outros estilos, também é muito bacana. Para todo mundo fica claro que é um Festival para todos. É um Festival de música, de celebração, de união”, sentenciou Mutant Cox que tinha acabado de tocar com o Hillbilly Rawhide e sem muito tempo para descansar, toca neste domingo com o Sick Sick Sinners.
Outro lugar que recebeu dois shows do PsychoCarnival foi o Lado B Pub com as apresentações das bandas Rötö de Maringá e Vida Ruim de Curitiba. Os curitibanos já estão na estrada há mais de 10 anos e conversaram um pouco sobre estar no Festival Psycho. “O Psycho abrir novos lugares na cidade para apresentações só demonstra o crescimento e a consolidação do Festival. É a primeira vez que a gente está tocando no Festival e estamos curtindo muito. Fazer parte deste evento tão importante é meio que um reconhecimento do trabalho que a gente vem fazendo com a banda. O nosso show de hoje vai fazer um apanhado da carreira e principalmente apresentar nosso novo disco, Lado Oriental. Nosso show é rápido, alto, bem barulhento mesmo e é quebradeira desde o início até o fim”.
No Jokers, o dia começou mais cedo com a One Man Band, Big Bull & His Selfish Band de Uberlândia, já as 19 horas. Em seguida, o Redlightz fez um show impecável e consistente. Certamente ser escaldo, para participar do Rebellion Punk Music Festival, considerado o maior festival de música/arte punk do mundo não é algo que deva ser esquecido no seu portfólio. Após o show, Guilherme, baixo e Tiago, vocal conversaram com o XV Curitiba.
É nossa primeira vez no palco principal do PsychoCarnival é para nós uma honra participar de uma cena musical tão bacana e tão prestigiada como esta. Isso demonstra que a boa música sempre continua rolando, o rock não morre nunca.
Para o baixista Guilherme “muitos Festivais no mundo afora, começaram a diversificar. Isso é muito bom, só melhora a qualidade do evento. Nós tocamos em alguns Festivais lá fora e é muito gratificante ver tudo isso que a gente conseguiu consolidar aqui, com as nossas influências, e agora tocar e ser reconhecido lá fora. Porque às vezes, é um pensamento minimalista, a gente pensa que, porra, todo mundo lá fora faz e acontece, mas aqui a gente tem uma força da cena e tem um respeito por tudo que a gente consegue”.
Já o vocalista Tiago afirmou ser “uma satisfação estar de volta aqui, um dos Festivais mais importantes da história de Curitiba e agora como banda, porque eu sempre fui público. Tocamos em 2013 na Festa da Ressaca, que era um evento alternativo, mas agora foi a primeira vez na mostra oficial. E putz, é visível a nossa evolução desde o primeiro show lá em 2013 para agora, e ainda depois da turnê na Europa onde tudo foi grandioso. Só gratidão por tudo isso. Depois das experiências em tocar em Festivais internacionais, acho que a gente aqui está no mesmo nível, o PsychoCarnival é hoje, um festival internacional. É importantíssimo que a gente tenha esse alcance, que as pessoas vejam o PsychoCarnival como referência para o mundo inteiro, e tem poucas coisas nos Estados Unidos e na Europa que chegam ao nível do PsychoCarnival, então o fato de eles estarem abrindo para o punk, para campanhas sociais com o combate à violência contra a mulher, por exemplo é fundamental abrir esse espaço para a gente botar nossa voz”.
Em seguida se apresentaram Spitfire Demons de São Paulo, Mongo de Curitiba, Voodoo Zombie do Chile, The Mullet Monster Mafia de Piracicaba e Ovos Presley de Curitiba. Todos já ícones consagrados do Psychobilly e do PsychoCarnival, demonstrando que o Psychobilly ainda tem muito fôlego e muito a oferecer para os incautos que saem por aí dizendo que o rock morreu. Se um dia morreu, qual fênix retornou para brindar a plateia com shows dignos de qualquer clássico do estilo.