Sabe aquelas roupas que, na hora de comprar mesmo, a gente rotula já de cara como “pra ir trabalhar”, “pra usar com aquela camiseta”, “pra usar à noite”? Você já parou para pensar que elas não necessariamente precisam ser usadas apenas com uma finalidade? A gente tem essa mania de olhar certas coisas com uma determinada lente e criar um absolutismo em cima daquilo. De acordo com estereótipos, pré-conceitos, falsas primeiras impressões e opiniões alheias – sem raciocínio próprio – momentos, filmes, objetos, músicas, lugares, atitudes, ideias, roupas e, principalmente, pessoas já têm um juízo “the flash” na nossa mente. Temos essa necessidade absurda de rotular tudo, colocar em uma caixinha, já que assim o desconhecido passa a ser conhecido, porque o mistério normalmente assusta.
Mas voltando às roupas, um exemplo que logo me vem a mente são os vestidos. Aqueles fresquinhos, que a gente chama “de verão”, sabe? Na verdade, eles não precisam ficar restritos a uma só estação. Meia calça, botinha/oxford/sapatilha/tênis e a terceira peça – casaco, blusa, jaqueta – já podem os tirar do guarda-roupa nos dias frios também. Roupas com brilho? Podem sim ser usadas de dia. Batom escuro? Compense a maquiagem e use no trabalho também. Clutch? Dá pra passear com ela em um sábado a tarde, sim. Aquela blusa linda, que você ama? Também fica boa com aquela calça que você nunca pensou combinar.
Saia da caixinha, você e suas roupas, e teste, pense bem. É um pouco dolorido pensar que aquela verdade que você sempre teve certeza por tanto tempo, na verdade era só um dos inúmeros ângulos de um fato, né? Mas é só com muito tempo de qualidade e vontade que podemos realmente conhecer, entender, amar ou odiar algo. Tempo porque só assim a superficialidade dá lugar a um olhar mais aprofundado. Vontade porque pensar e formar a nossa opinião requer o nosso querer. Mas existe um mundo cheio de possibilidades além das quatro paredes que a gente insiste em guardar certas opiniões. É só colocar a lente certa!