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Moda Descartável – Por Mariana Bileski

XV CURITIBA
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Zygmunt Bauman, filósofo e sociólogo, afirmou que vivemos em uma sociedade líquida, ou seja, "nossos acordos são temporários, passageiros, válidos apenas até novo aviso”. Isso quer dizer que tudo é muito superficial, facilmente mutável, nada profundo. E isso pode se identificar com todas as áreas das nossas vidas – trabalho, relacionamento, sonhos e consumo. Na mesma velocidade que mudamos de ideia, descartamos o que antes era o maior desejo até então. É perigoso no sentido que nos isenta de responsabilidade. Nos ofendemos e cortamos relação. Não concordamos com o chefe, pedimos a conta. Gostei da blusinha, comprei, enjoei, dei. Um milhão de consequências mais intensas poderiam ser listadas de acordo com essas atitudes.

Em relação às roupas, a principal afirmação na hora da compra é “comprei porque estava barato”. Mas o preço de uma peça não diz respeito necessariamente ao custo dela. E essa decisão política que tomamos, na verdade, influencia uma indústria de moda muito mais complexa do que podemos imaginar. Até chegar no caixa pra passarmos o cartão, o produto viajou muito. Desde o cultivo da matéria-prima, passando pelos produtores – trabalhadores muitas vezes vivendo em condições análogas à escravidão – até processos extremamente corrosivos ao nosso planeta. Tudo, muitas vezes, apenas para preencher uma falsa ilusão e sensação de aceitação em uma sociedade de aparências. O questionamento é: será que vale a pena?

Pensar nessa cadeia, refletir sobre o que sai do seu bolso e entra no seu armário, se aprofundar no assunto, conhecer sobre a marca que você comprou. Pesar na balança qual é o melhor: uma peça descartável, produzida em detrimento de muitos, porém muito barata ou uma de qualidade superior, que vai durar a vida toda, que foi feita de forma minimamente moral e que custa um pouco mais. Além disso, também é válido abrir o guarda-roupa e repensar. Muitas peças podem ser usadas de novas formas que ainda não tentamos, podem ser consertadas e reformadas criando roupas novinhas em folha e totalmente personalizadas e únicas.

A moda existe para nos servir, para ser uma forma de expressão, para transparecer um conhecimento de nós mesmos. Mas será que conhecemos a nossa roupa? Da mesma forma, é válido olhar para dentro de nós e tentar identificar toda fluidez e superficialidade –  com os outros, com nós mesmo, com o que planejamos e queremos ser. Examinar-se a si mesmo. Afinal, a revolução da moda já está acontecendo. E será que a revolução – às vezes desconstrução, reforma, reconstrução, renovação – em nós mesmo… já está acontecendo?

 

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