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Entrevista com Fagner Zadra

XV CURITIBA
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Nascido em Planalto, no Rio Grande do Sul, veio para Curitiba aos 21 anos. Enquanto cursava engenharia civil, começou a trabalhar como auxiliar de pedreiro e mais tarde chegou a ser diretor dessa mesma empresa que lhe deu a primeira oportunidade na cidade.

Só que Zadra não estava satisfeito. Sua vontade de ingressar na carreira artística e no humor sempre falou mais alto. Desde criança fazia charges para o jornal da escola na pequena cidade em que morava. Quando adulto, gostava de se divertir assistindo vídeos de humor, especialmente do comediante Diogo Portugal, com quem mais tarde ficou amigo e fez diversos shows.

Em 2010 decidiu investir de vez na carreira artística. Paralelo ao seu trabalho na engenharia, começou a estudar artes cênicas, escrever crônicas e charges, e sua paixão foi só aumentando. Nesse mesmo ano, começou a estudar para seguir a carreira de palhaço, e se tornou oficialmente, em 2011.

Ainda em 2010 outro relevante feito foi a criação, junto com Alanderson Essenfelder, do Escritório Modelo de Engenharia e Arquitetura (EMEA), da Universidade Federal do Paraná, que é considerado um importante projeto de extensão para os alunos.

Em 2013 Fagner,  Cadu Scheffer, Jéssica Medeiros e Luana Roloff formaram o Grupo Tesão Piá, com a proposta de fazer humor regional, satirizando o modo de vida dos curitibanos. Além das apresentações no teatro, o grupo bombou na internet, e hoje o canal Tesão Piá tem mais de 193 mil inscritos e milhões de acessos no youtube. No facebook, são mais de 325 mil curtidas na página. Nesse mesmo ano (2013) realizou seu sonho de pisar num teatro de grande porte: gravaram o DVD do Tesão Piá no Teatro Positivo.

Em 2014, um acidente durante a abertura do Festival de Teatro de Curitiba, o deixou tetraplégico. Momentos difíceis e uma luta constante para se recuperar. Mas é no humor e no trabalho que Zadra encontrou forças para se superar. Em 2015 ele voltou ao Teatro Positivo com espetáculo solo, Rizadra Sit Down Comedy, onde uma plateia de 2400 pessoas o deixou muito emocionado e o recebeu em pé com muitos aplausos.

De volta ao trabalho, foi só sucesso! Solo ou com o grupo Tesão Piá, seus espetáculos lotam plateias de grandes teatros. Um exemplo é o Festival de Curitiba, que está sempre de casa cheia. Tem também 4 anos de participação no Risorama (mostra paralela ao Festival de Curitiba, que reúne humoristas do Brasil inteiro, no estilo stand up).

Hoje Zadra é convidado a dar palestras motivacionais e participa ativamente de eventos importantes na área de cultura digital.

Confira a entrevista:

Como está a sua recuperação?

Minha recuperação está indo super bem. Infelizmente a lesão medular que tive foi muito grave e por isso tenho que conseguir um milagre por dia. Mas Deus me deu força suficiente para encarar este problema de frente e tudo que vem com ele. Acho que tem que ter fé, mas também acreditar em si mesmo e persistir muito para alcançar grandes conquistas. É assim que faço e tem dado certo. Não sei quanto tempo vai demorar, mas vou conseguir voltar com todos os meus movimentos. Até já marquei um futebol contra o time do meu pai – que já foi deficiente – não quero deixar ele esperando muito! hehehe

O que você acha que poderia ser feito para que o acesso de pessoas cadeirantes aos estabelecimentos fosse ideal?

As pessoas pensam que acessibilidade é ter apenas uma rampa que está OK. Vai muito além disso, precisa ter banheiro completamente acessível, mesas corretas, corredores e mais um monte de infraestrutura adequada, assim como funcionários qualificados para atender as pessoas com deficiência, não só os cadeirantes, mas todos os tipos de deficientes. Com relação à bares e restaurantes, por exemplo, o investimento além de mostrar mais respeito com as pessoas, atrai um público que hoje tem poucas opções neste segmento.

Qual a maior dificuldade que você encontrou até o presente momento?

Pois olha, fazer sexo em certas posições é um desafio! Fora a brincadeira, que tem lá seu fundo de verdade, a deficiência traz tantas grandes dificuldades em fazer coisas que antes eram simples que nem consigo eleger uma só.

Com relação às ruas, as calçadas já são lazarentas para qualquer cidadão, imagine para pessoas com deficiência. As calçadas de Curitiba para serem ruins tem que piorar muito! São péssimas e perigosas. É como se fosse um insulto materializado e infelizmente não vejo nenhuma boa vontade em resolver este problema.

O que você mais gosta de fazer em Curitiba?

Fazer as pessoas rirem. Pode parecer uma resposta clichê, mas meu trabalho é o que mais gosto de fazer na cidade. E quando é para estar no palco, gosto de estar na platéia, sou apaixonado pelo teatro e por espaços culturais. Volta e meia também podem me encontrar em algum lugar que tenha uma boa cerveja.

Um seriado:

Breaking Bad

Um restaurante em Curitiba:

Gato Preto

Quais são suas influências no humor:

Luis Fernando Veríssimo, Rowan Atkinson, Chaplin, Chico Anysio, Buster Keaton,  Avner, Jerry Seinfeld, Judy Carter e Rafael Barreiros (Palhaço Alípio).

Qual seu maior sonho profissional:

Passar a vida fazendo as pessoas rirem e refletirem

Qual tipo de cerveja:

IPA India Pale Ale

Um recado para os políticos de Brasília:

Que vão para a puta que pariu!

 

 

Foto: Marcelo Veiga

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